POESIA DE ÚLTIMA HORA

Nada quebrará o silêncio que aqui está
nenhum ruído vindo de dentro
ou que ecoa lá fora
Conforto-me  na quietude
prefiro este silêncio
 que o ruflar de palavras brutas

Acolho-me na agitação dos pensamentos
ou nas indagações da alma
Uma ponte se quebra e me vejo só
os rumos serão outros
e a vida segue adiante

A vida que nem se importa com
o barulho ou o silêncio
temerosa ou afável ela
quer levar todos os dias
 tudo passa ....
 em um átimo me vejo em outro lugar.

Nada ficará....

Elzenir Apolinário

SOB A LUZ DA LUA

Eles enamoravam-se da lua 

encantados com o imenso céu

tentavam desvendar o mistério

do universo pincelado de estrelas

Uma magia os envolvia

enquanto a química do desejo agia

nem perceberam que seus corpos

cada vez se faziam mais próximos

e tudo ao redor desaparecia

os corpos se colaram, 

de repente eram apenas um

a lua curiosa observava e abençoava

aquela urgência de um beijo

e cúmplices do desejo que sentiam

se amaram sem pensar 

na solidão de si mesmos

até mesmo o tempo parou para olhar

E ali, naquele lugar 

viram o dia chegar

Nem santos nem profanos

apenas entregues ao desejo...

Elzenir Apolinário

Saberás que não te amo e que te amo

Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.

Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.

Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desafortunado.

Meu amor tem duas vidas para amar-te. 

Por isso te amo quando não te amo 

e por isso te amo quando te amo

Pablo Neruda

LEVEZA

Que eu seja leve como a brisa,
e siga a direção do vento
e se já fui pedra, 
peço perdão à minha alma contrita. 

Elzenir Apolinário

É NOITE AQUI

A chuva cai mansamente lá fora
e aqui dentro só silêncio
atordoada busco saída
para a tempestade que
se irrompe dentro de mim

Chuva mansa lá fora
e aqui dentro uma torrente
de pensamentos agitam
minha mente e meu coração



Percorro os cantos da casa
ouço músicas, mas nada me alenta
tranco-me em minha solidão
que nada diz, apenas sufoca

Caio em prantos no quarto escuro
lágrimas incontidas descem por
meu rosto desfigurado pela dor
uma dor imensa que com grande
esforço pede para sair da alma
         {   }
Até quando?
De onde vem esta dor?
Apenas perguntas ....
Poderia ser a saudade
 de tudo o que não vivi.

Elzenir Apolinário