Arrastando os farrapos de minha alma
encontrei seu olhar
Entre a multidão sem rosto vi apenas
aqueles olhos brilhantes que me contemplavam a face
e despiam meus pensamentos
Como aqueles que perdem a batalha
e se escondem em casa amedrontados
fugi de seus maliciosos encantos
corri para longe e reforcei minhas muralhas
Mas com a força de um furacão
tu perseguiste e quebraste-me as defesas
seus lábios não sorriam
e seus olhos que mais se assemelhavam
a uma verde relva e nada diziam de ti
ocultavam um abismo a espreitar minhas fragilidades
Saí de mim e me vi em ti, presa naquele olhar
à procura de um elo de meu ser há muito perdido
Entregue às incertezas sigo-te
Olhos nos olhos não sei se caminho
para a salvação ou a perdição.
Elzenir Apolinário