SABEDORIA

Como é feliz o homem que acha a sabedoria, o homem que obtém entendimento, pois a sabedoria é mais proveitosa que a prata e rende mais que o ouro. É mais preciosa que rubis; nada do que você possa desejar se compara a ela. Na mão direita, a sabedoria lhe garante a vida longa, na mão esquerda, riquezas e honra. Os caminhos da sabedoria são caminhos agradáveis e todas as suas veredas são paz. (Provérbios 3:13-17)

domingo, 8 de março de 2015

ELAS USAM A COR PÚRPURA


       -Você já terminou? Ouviu a menina que se dividia entre as atividades  da escola, o choro do irmão caçula e os afazeres domésticos enquanto seu irmão se divertia em frente à televisão. A mãe acreditava que o menino não deveria se envolver com as tarefas do lar, pois poderia afeminar-se causando a tragédia da família. Assim, cresciam as meninas em tempos remotos e a história se repete hodiernamente. O sexo feminino se acua  entre a família e a sociedade machista e não avista a saída para a sua ascensão pessoal e profissional.
         Estamos no século XXI e ainda se veem mulheres bem sucedidas que se acorrentam a relações tóxicas por submissão ou dependência emocional. O olhar duro da sociedade ainda as espreita minando seus sonhos e elas fingem que estão felizes, mas seus olhos são tristes como os dos pássaros cativos. Recolhem-se em sua fatídica condição de serem mulheres neste mundo de homens e se resignam à espera de que algumas delas, em atitude de coragem, possam reverter este quadro ou mesmo acreditam ser sua sina irreversível e seguem sem esperanças.
     Fala-se em emancipação feminina, mas na calada da noite, em cantos escuros, meninas,mulheres são violentadas e agredidas em sua integridade física e moral  como se fossem apenas um pedaço de carne ou desvalorizadas em sua capacidade mesmo proferindo belos discursos vestidas com seus taillers. Não importam suas considerações, estão fadadas ao desrespeito por sua condição de mulher, é o fardo que terão que carregar em todos os meios sociais.
      Quando agraciadas pela beleza, tornam-se objeto de desejo sexual masculino e perdem ainda mais seu vínculo com o cordão umbilical da humanidade. São bonecas de luxo para se apresentar ao mundo, são seres vazios que apenas sorriem superficialmente escondendo um traço de amargura e ressentimento por não terem voz, por se aprisionarem  na bela aparência que esconde o que se revolve em seu coração. São também escravas de padrões rígidos que determinam que elas têm um prazo de validade.
       Moramos em um país que machuca suas mulheres e as relega à cultura de inoperância e baixa autoestima. Cresceram sob a égide de uma educação castradora que limitou sua crença em seu próprio poder de decisões e escolhas. Certamente temeram seu potencial e as educaram para serem como os seres rastejantes, quando poderiam voar. Recearam sua potencialidade, pois estas saberiam guiar-se tanto pela inteligência, quanto pela  emoção.
        Mulheres, ergam suas cabeças e lutem contra este sistema que faz uma execução sumária de suas vontades, enfrentem esta sociedade limitante, saíam desta submissão velada e assumam seu verdadeiro poder, o poder que existe em cada uma de nós e que pode transformar uma realidade, mudar o tom púrpura que nos colore as  faces e nos deixa um traço de descontentamento com a vida. Firmem os passos em direção a um futuro glorioso para o sexo forte.

Elzenir Apolinário



sexta-feira, 6 de março de 2015

CONFISSÕES

                                                                                 















Jogaste-me em outros braços 
não sabias que preferia os seus
mudaste teus passos e sorrisos
não sabias que te amava do jeito que tu eras
com olhos curiosos olhavas-me
degustando cada palavra que meus lábios proferiam
chegaste ao coração da menina faceira
para encontrar a mulher
de sorrisos largos passamos a sonoras risadas
caminhamos lado a lado sem pensar no futuro
o tempo longe se fez perto...
Mas chegou o silêncio amargo e inquietante
do riso se fizeram lágrimas contritas
e o tempo senhor de maravilhas e tragédias
te fez a cada dia bem distante

Elzenir Apolinário