Arrastando os farrapos de minha alma
encontrei seu olhar
Entre a multidão sem rosto vi apenas
aqueles olhos brilhantes que me contemplavam a face
e despiam meus pensamentos
Como aqueles que perdem a batalha
e se escondem em casa amedrontados
fugi de seus maliciosos encantos
corri para longe e reforcei minhas muralhas
Mas com a força de um furacão
tu perseguiste e quebraste-me as defesas
seus lábios não sorriam
e seus olhos que mais se assemelhavam
a uma verde relva e nada diziam de ti
ocultavam um abismo a espreitar minhas fragilidades
Saí de mim e me vi em ti, presa naquele olhar
à procura de um elo de meu ser há muito perdido
Entregue às incertezas sigo-te
Olhos nos olhos não sei se caminho
para a salvação ou a perdição.
Elzenir Apolinário
“Arrastando os farrapos de minha alma...” Impossível imaginar que terá causado tal condição. Talvez, um outro olhar, uma outra entrega?
ResponderExcluir“Fugi!...” Impossível não imaginar que houve sim, outro olhar, outra entrega, e agora a fuga é a experiência gritando forte, pedindo que não aconteça novamente.
“Entregue às incertezas, sigo-te... não sei se caminho para a salvação ou a perdição...” Impossível não ser tocado por tal expectativa! Impossível não pensar: ‘grande poema! Mais que um poema! Mais que uma história! Uma escultura!’ Teu poema é a vida, essa dor de amor, esses rostos sem face na multidão, essa relutância, esse medo, essa necessidade de acreditar! Formidável. Extremamente belo. Beijossssssss
Lucas, obrigada, acho que é um poema da realidade. Mtos se encontrarão nestas linhas. Abraço carinhoso.
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