SABEDORIA

Como é feliz o homem que acha a sabedoria, o homem que obtém entendimento, pois a sabedoria é mais proveitosa que a prata e rende mais que o ouro. É mais preciosa que rubis; nada do que você possa desejar se compara a ela. Na mão direita, a sabedoria lhe garante a vida longa, na mão esquerda, riquezas e honra. Os caminhos da sabedoria são caminhos agradáveis e todas as suas veredas são paz. (Provérbios 3:13-17)

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Le silence du jardin












As folhas caiam sem fazer ruídos
era total o silêncio do jardim
um imperativo silêncio que calava
até mesmo a brisa mansa

Era proibida a entrada das palavras
só havia a beleza das flores que inebriava os olhos
e sobrepujava qualquer ofuscamento
o perfume reinava soberano sobre os ares

A serenidade encontrou seu lar
nada podia contra o silêncio
que intrépido revolvia um barulho
dentro daquela alma chacoalhada
e amordaçada pelo tempo

A luta entre o vento forte e a brisa começa...
não se pode saber o vencedor
neste momento, o silêncio habitava apenas os canteiros
enquanto ali dentro havia uma temerosa batalha

Que direito teria este senhor de julgar as almas rendidas?
teria tal poder este imperador dos jardins que atraem pela beleza
mas cobram um alto preço pela saída?

O silêncio é impiedoso
provoca o barulho de dentro
inquieta a alma, lança-a de um lado para outro
faz dela sua escrava

A pobre alma sucumbe sem forças
entrega-se àquele juiz severo
que vem revolver-lhe as entranhas
roubando-lhe a paz e trazendo-lhe a tormenta
vai-se atordoada pelas ruas sem destino

Imponente, o belo jardim ainda encanta
e seu imperioso silêncio dorme à espera
de outras almas inocentes...

Elzenir Apolinário/julho 2016
 ( Imagem: Jardim Keukenhof- Holanda)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

O AMOR PODE ESPERAR


Ela caminhava pelas ruas escuras da cidade indiferente
as flores que trazia nos cabelos ficaram perdidas em um beco escuro
ou em uma esquina invasiva
absorta em pensamentos, não enxergava o mundo a seu redor
já não importava parar ou seguir...

Seus olhos de brilho intenso ficaram perdidos na escusa noite
o sorriso que coloria sua face escondeu-se por longas horas
nada havia ao redor, apenas o inquietante silêncio do vazio
Aquele lugar lhe era inóspito, longe dos desenhos tecidos por seus sonhos

O coração que se agitava no peito, agora, apenas lhe garantia a vida
era apenas um corpo em movimento que vagava no espaço solitário
procurava algo...O amor. Não encontrava! Teria ele abandonado a cidade?
poderia ser agora um ser em esperanças como ela, que desistiu de um mundo tão frio...

Em passos trôpegos, ela não sente o chão...
Seus pés lentos em vão seguem um rumo desconhecido
ela se sente sozinha e invadida pelo medo...
por um instante pensa em desistir da caminhada
está enclausurada em um labirinto sem saída, abandonada em seu destino


Ao longe,  uma luz alva lhe atrai...Fugiria como os cegos?
são as flores de outrora...As flores perdidas na escuridão
Ela se enche de esperança e em passos firmes segue em
direção àquela luz que dissipa o vazio e rompe as amarras do medo
segue ao encontro do amor verdadeiro, incomensurável
que a esperava silenciosamente em um canto da cidade...

Elzenir Apolinário