Ela cai sem pedir licença fazendo sua poesia
às vezes barulhenta vez por outra suave
Na infância, o ronco estrondoso dos relâmpagos causava medo
os ventos que a anunciavam traziam o receio e o pavor
quando caia em blocos de neve, orávamos para os telhados suportarem...
e quando ia embora, deixava um rastro de dor ou felicidade...
as enchentes que levavam sonhos e conquistas
as pequenas enxurradas que serviam para a alegria da meninada
com seus barquinhos vulneráveis de papel...
trazia esperança de vida nos campos
mas em abundância deixava angústia de trabalhos perdidos
e o pão de cada dia se escoava em rasas valas...
assim é a natureza, inocente e impiedosa
não se pode contê-la
A chuva que cai lá fora é poesia mansa
é um alívio para o verde que a espera
desperta a saudade nos corações solitários
mas acalma pensamentos atribulados e aflitos
no decorrer dos anos a chuva é esperança
seus barulhos não atemorizam
A chuva agora sempre será poesia...
Elzenir Apolinário