
Brilhava imponente sobre meus olhos curiosos
eu encantava-me com sua beleza casta, intocável
precisava chegar até ela...estar com ela...
peguei meu violão e lhe fiz uma canção
ela ainda sorria de meus gestos tímidos
(*)
pobre ser que busca na lua a escrita de seus sonhos
pobre ser que se deixa levar por seu brilho distante
pobre trovador apaixonado que busca na lua
um refúgio para seus versos
(*)
o violão soava alto para alcançar-lhe os ouvidos
meu coração já havia sentido a força daqueles versos
por que não me ouves? Eu gritava desesperadamente
por que não se encanta com meus versos?
pacientemente voltei a cantar
e percebi que não cantava para lua
a lua é que me encantava com sua formosura
eu, perdido em meus devaneios,
fiz de sua imagem um rosto de mulher
Elzenir Apolinário